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Designer Instrucional acima da média

jul 20, 2021 | Blog, Educação, elearning

Todo Designer Instrucional acima da média tem um Olhar Investigativo

Uma das principais competências do Designer Instrucional é ter um olhar investigativo em todas as etapas do projeto. Isso transforma sua atuação e o como seu trabalho é visto pelas pessoas.

Quando falamos sobre os Designers Instrucionais acima da média, existem algumas competências que são comuns a todos eles, como é o caso do “Olhar Investigativo”.

Para explicar o que é essa habilidade, vamos imaginar o seguinte cenário:

Um cliente se aproxima da sua mesa e diz “preciso de um treinamento de 30 minutos”. Com a correria do dia a dia (ou pelos processos da sua área), sua resposta inicial é: “claro, preenche aqui esse formulário”.

Se você é Designer Instrucional, com certeza, já esteve nessa situação ou passou por algo parecido, não é mesmo?

Uma das dores mais comuns na nossa profissão é não saber ou não ter abertura para sair dessa posição de só receber e executar demandas.

E é aí que entra a importância de ter um “Olhar Investigativo”, ou seja, ter um olhar apurado e curioso sobre os detalhes que envolvem um projeto de e-learning.

Na prática, ter uma atuação excepcional no projeto é ir além da “anotação de pedidos”. Isso significa buscar o entendimento da história por trás da demanda e de todo seu contexto.

Como você pode fazer isso?

Se precisamos entender o contexto e a história de uma demanda, não há momento melhor para colocar o “olhar investigativo” em ação do que no LNT (Levantamento de Necessidade de Treinamento), concorda?

Na maior parte das vezes, o cliente procura a área de Treinamento porque precisa resolver uma dor —  seja uma performance ruim, seja uma norma regulamentadora.

Para conseguir entender e solucionar esse problema, você precisa ouvir seu cliente, e esse é o momento em que o tradicional formulário de perguntas e respostas se torna empecilho, porque:

  • O diálogo é substituído por perguntas e respostas automáticas/rasas na maior parte das vezes;
  • Seu cliente pode ter a sensação de estar sendo interrogado e não conseguir entender a importância de cada pergunta;
  • Você não garante que todos os envolvidos participaram do preenchimento do formulário;
  • Quando o formulário é apresentado em uma reunião com os envolvidos, a falta de alinhamento entre eles pode gerar conflito ao invés de inspirar colaboração.

PM Canvas: uma alternativa que vai te tirar do piloto automático

Um bom caminho para evitar esses ruídos de comunicação e sair do “piloto automático” ao mapear uma necessidade de treinamento, é buscar outras formas de fazer o diagnóstico.

Minha veia administradora sempre recorre ao Canvas nessas horas. O que me trouxe o Project Model Canvas, do professor Finócchio, e me fez adaptá-lo ao Design Instrucional.

Ainda que você não o aplique, conhecer o passo a passo a seguir, pode trazer um olhar diferente sobre o LNT e te ajudar a construir seus projetos de forma colaborativa.

 

Passo #1: Saiba quais são os “porquês” da demanda

As primeiras informações que você precisa estão relacionadas aos motivos que tornaram esse treinamento necessário.

Para simplificar, basta dividir essa etapa em 3 categorias —  ou blocos, se estiver utilizando o Canvas.

Justificativa: Busque entender qual é a história do projeto, como ele chegou até aqui, qual é problema seu cliente tentando resolver, etc.

Objetivos: Tenha clareza sobre os objetivos do projeto, ou seja, saiba qual é a finalidade do e-learning e porque a empresa vai investir recursos para desenvolvê-lo.

Normalmente, as empresas utilizam as Metas SMART para definir seus objetivos, mas existem outros modelos, como o Hard Goals.

Benefícios: Identifique os indicadores que devem ser melhorados pela sua solução de aprendizagem.

Seu projeto precisa impactar pelo menos um desses números, caso contrário, repense se ele é mesmo necessário:

  • Receita; 
  • Diminuição de Custos;
  • Uso mais eficiente dos ativos existentes;
  • Melhoria da imagem da empresa;
  • Atenuamento dos impactos sociais e ambientais

Passo #2: Alinhe as expectativas sobre o que será entregue

Nesse segundo passo, alinhe as expectativas do seu cliente sobre as entregas que serão feitas no desenvolvimento, na implementação e na avaliação do projeto.

Assim como no passo 1, dividir essa etapa em 2 categorias pode ajudar:

Produto: O professor Finócchio apresenta 3 classificações distintas, mas no nosso caso, todas elas fazem parte de um único produto.

Fica mais ou menos assim:

  • Produto = a solução de aprendizagem em si
  • Serviço = a forma como atuamos durante o projeto
  • Resultado = prestar um papel consultivo durante a avaliação dos resultado

Requisitos: Ainda no campo de expectativas do cliente, mapeie o que não pode faltar e o que não pode existir.

Por exemplo, esse curso on-line precisa ter personagens e não pode ser acessado fora do horário de trabalho do público-alvo.

Passo #3: Descubra quem são os envolvidos e impactados

Descubra quem são os fatores e atores aos quais você precisa estar atento, por exemplo:

Mapeie os Stakeholders e Fatores Externos — stakeholders é um nome bonito para se referir a todos os envolvidos no projeto, desde os alunos, até áreas que precisam ser consultadas pontualmente, como o Marketing.

As perguntas abaixo podem simplificar:

  • Quem é impactado?
  • Quais as áreas envolvidas?
  • Há resistências?
  • Quais fatores externos devem ser monitorados?
  • Há órgãos validadores envolvidos?
  • Está sujeito a normas e regulamentos?
  • Deve-se considerar características culturais?

Esse também é o momento de alinhar com a equipe quem faz o que, ou seja, quais são os papéis e responsabilidades de cada um.

Além disso, essa é a hora de pensar se será necessário contratar recursos humanos para essa demanda (um consultor especialista, ilustrador, etc.) e de mapear também a disponibilidade dos conteudistas e validadores.

Passo #4:  Entenda como a entrega será feita

Comece descobrindo quais são as premissas, ou seja, quais são as condições que precisam ser verdadeiras e que, se não forem, haverá impacto na entrega.

Vale ressaltar que premissas são diferentes de requisitos. Enquanto que na primeira, mapeamos situações que fogem do nosso controle, na segunda, falamos apenas sobre expectativas.

Para exemplificar, imagine que queremos contratar um consultor internacional, porém, por conta do orçamento, isso só será possível se a cotação do dólar for inferior a R$3,00. Nesse caso, o dólar a R$3,00 é uma premissa.

Além disso, esse é o momento em que você vai listar aos envolvidos tudo que será entregue até a data de implementação, ou seja, os entregáveis: o Roteiro, a Avaliação de Conhecimento, o PIV (Programa de Identidade Visual) e o Protótipo.

A última etapa desse quarto passo é mapear as restrições existentes e entender se as expectativas do cliente precisam ser ajustadas.

Por isso é muito importante conhecer quais são as limitações do projeto, por exemplo: prazo curto, orçamento limitado, etc.

Passo #5: Mapeie o prazo (quando) e os custos (quanto)

Até aqui, falamos sobre o porquê, o quê, o quem e o como. Agora, vamos abordar o quando e o quanto.

Antes de falarmos sobre os prazos e os custos, precisamos entender os riscos existentes, para então mapear esses dois fatores com mais eficácia.

Liste todos os problemas que podem surgir ao longo do projeto e como você pode mitigá-los. Por exemplo: o que será feito caso o validador do conteúdo fique doente? Existe um backup para assumir seu lugar?

Feito isso, você já pode falar sobre prazos. Desenhe uma linha do tempo considerando a data de início e conclusão do projeto.

Depois disso, olhe para os entregáveis mapeados na etapa anterior e marque o quando eles serão entregues dentro desse período.

Se estiver usando o Canvas, coloque o bloco de entregáveis ao lado e veja como ficará fácil acompanhar o andamento de todas as etapas.

Por fim, agora que tem em mãos todas as informações que precisa, você já consegue ter clareza sobre os custos —  não só financeiros —  que essa solução trará.

Lembrando que não existe projeto de treinamento a custo zero, ok? Sempre há investimento de energia e tempo, além dos ativos humanos e das licenças das ferramentas de autoria.

Conhecer cada um desses passos te ajuda a se apropriar do processo e a entender, exatamente, o que cada etapa busca do cliente.

E é sobre isso a que me refiro quando falo sobre “Olhar Investigativo”. Esse é um olhar que te tira do estado de reação e te coloca em uma abordagem ativa e estratégica, uma característica indispensável em quem quer sair da média.

Ficou curiosa(o) para saber como todo esse conteúdo ficaria em Canvas? Eu criei um modelo com todas as orientações que você precisa para aplicá-lo na sua próxima reunião de LNT. Clique aqui para acessá-lo.

 

Fonte: soanivargas com br

 

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