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Funções do Eu como gestor dos pensamentos (Augusto Cury)

abr 19, 2020 | Blog, Educação

O Eu e seus papéis fundamentais

Usamos a palavra “eu” cotidianamente, sem ter compreensão de sua dimensão, suas habilidades e funções vitais. O Eu é o centro da personalidade, o líder da psique ou da mente, o desejo consciente, a capacidade de autodeterminação e a identidade fundamental que nos torna seres únicos. Como a definição do Eu é ampla e suas funções ou papéis fundamentais são múltiplos. Há pelo menos 25 papéis vitais.

Não basta o Eu ser tranquilo, ele precisa desenvolver suas funções fundamentais para que possa honrar sua condição de Homo sapiens, um ser pensante. Não poucos profissionais e intelectuais, inclusive com títulos de doutor ou pós-doutor, têm um Eu não estruturado, intolerante a frustrações e, embora tenham notável cultura, embora sejam louvados pela academia, não podem ser contrariados, não sabem dar um choque de gestão em seus pensamentos nem filtrar minimamente estímulos estressantes e mapear suas mazelas. Sua mente é terra de ninguém, não tem seguro. E a sua mente, leitor, é protegida?

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Acredita-se que a grande maioria das pessoas de todos os povos e culturas tenha menos de 10% dessas funções bem trabalhadas. Ao usar a Teoria da Inteligência Multifocal para estudar tais funções do Eu, fiquei decepcionado comigo, reconheci minha pequenez, me reciclei e me coloquei como um eterno aprendiz (Augusto Cury).

Funções do Eu como gestor dos pensamentos

I – Autoconhecer, mapear suas mazelas psíquicas e superar a necessidade neurótica de ser perfeito.

II – Ter consciência crítica e exercer a arte da dúvida sobre tudo o que o controla, em especial as falsas crenças.

III – Ser autônomo, aprender a ter opinião própria e fazer escolhas, mas saber que todas as escolhas implicam perdas.

IV – Ter identidade psíquica e social e superar a necessidade neurótica de poder.

V – Gerenciar os pensamentos e qualificá-los para não ser escravo das ideias que ruminam o passado ou antecipam o futuro.

VI – Qualificar as imagens mentais e libertar o imaginário para ser inteligente nos focos de tensão.

VII – Gerenciar a emoção, protegê-la como a mais excelente propriedade e filtrar estímulos estressantes.

VIII – Superar a necessidade neurótica de mudar o outro (ninguém muda ninguém) e aprender a contribuir com ele, surpreendendo-o.

IX – Criar pontes sociais: saber que toda mente é um cofre, que não há mentes impenetráveis, mas chaves erradas.

X – Aprender a dialogar e transferir o capital das experiências, e não apenas comentar o trivial ou ser um manual de regras. Quem é apenas um manual de regras está apto a lidar com máquinas, e não a formar pensadores.

XI – Reciclar influências genéticas instintivas (raiva, punição, agressividade, competição predatória) que nos tornam Homo bios para enriquecer o Homo sapiens.

XII – Reciclar a influência do sistema social que nos torna meros números no tecido social, e não seres humanos complexos.

XIII – Reeditar as janelas killer, sabendo que deletar a memória é uma tarefa impossível.

XIV – Fazer a mesa-redonda com os “fantasmas” mentais para construir janelas paralelas ao redor do núcleo traumático ou killer.

XV – Pensar antes de reagir e raciocinar multifocalmente; não ser escravo das respostas, mas em primeiro lugar ser fiel à própria consciência.

XVI – Colocar-se no lugar do outro para interpretá-lo com maior justiça a partir dele mesmo.

XVII – Desenvolver altruísmo, solidariedade e tolerância, inclusive consigo mesmo.

XVIII – Desenvolver resiliência: trabalhar perdas e frustrações e reciclar o conformismo e a autopiedade.

XIX – Gerenciar a lei do menor e do maior esforço; saber que a mente humana tende a seguir o caminho mais curto, como julgar, excluir, negar, eliminar (lei do esforço menor), mas a maturidade recomenda o caminho mais inteligente e elaborado (lei do esforço maior).

XX – Pensar como humanidade, e não apenas como grupo social, nacional, cultural, religioso.

XXI – Dar choque de gestão no fenômeno do autofluxo. Deixá-lo livre desde que ele não se ancore em janelas killer ou acelere a construção de pensamentos.

XXII – Gerenciar a SPA para não ser uma máquina de pensar e de gastar energia cerebral inútil.

XXIII – Dar um choque de gestão no pacto entre o gatilho da memória e as janelas da memória.

XXIV – Aprender a não ser vítima da Síndrome do Circuito Fechado da Memória e do fenômeno ação-reação.

XXV – Educar-se com todas as 24 funções mais complexas da inteligência citadas acima para desenvolver a mais notável delas: ser o autor da própria história ou gestor da sua mente. Sonho que, em todas as escolas do mundo ­ do ensino fundamental ao ensino médio ­, essas funções sejam trabalhadas sistematicamente. Sonho que todas as universidades, e não apenas as de psicologia, vivencie-nas durante todo o curso. Embora os professores sejam, em minha opinião, os profissionais mais importantes e desvalorizados da sociedade, um dos meus gritos de alerta é que o sistema educacional mundial está agonizante, formando alunos imaturos e despreparados para ser líderes de si mesmos numa sociedade digital. Ele entulha os alunos com milhões de dados sobre o mundo objetivo e não trabalha sistematicamente as funções do Eu no mundo subjetivo.

 

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